quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010




















Como já referi no post anterior, o sistema táctico WM foi adaptado pela grande maioria das equipas e selecções europeias. Nesse período compreendido entre o final dos anos 20 e meados da década de 50 do século XX, houve técnicos que foram resistindo aos ventos de mudança. Não foram suficientes para inverter a corrente mas aumentaram o leque de opções tácticas que deixaram o WM cada vez mais vulnerável.
Vittorio Pozzo (1886/1968), seleccionador italiano que levou s squadra azzurra aos títulos mundiais de 1934 e 1938, conquista tais títulos em plena época de difusão do WM, com o 2X3X5, também conhecido como o sistema piramidal. Utiliza-o com intuitos mais defensivos. Dá a iniciativa ao adversário para jogar preferencialmente em contra-ataque. Depois dos dois títulos mundiais Pazzo rendeu-se ao WM, a ponto de ter sido responsável pela sua introdução em Itália. Estávamos em 1939.

Hugo Meisl (1881/1937) foi o maior resistente ao WM, ao comando da selecção austríaca criou o wunderteam, selecção que foi o maior prodígio dos anos 30 do século XX, esta selecção praticava o futebol mais avassalador daquele período. Para Meisl o WM era defensivo e conservador. Meisl, visionário como poucos na história do futebol, aproveitou as lições aprendidas durante uma viagem às ilhas britânicas. Sem inovar no esquema táctico, que continuava a ser o inevitável 2-3-5 o técnico chegou à sua Áustria natal e colocou em prática toda a teoria que tinha aprendido. Rodeou-se de jovens talentosos que actuavam principalmente nos clubes da capital. No sistema de Meisl a táctica não era fixa. O médio centro apoiava o eixo ofensivo que atacava com seis elementos e era nele que começava e terminava todo o jogo ofensivo. Nascia a figura do 10, numa época onde ainda eram os extremos que habitualmente levavam a bola nos pés em campo. Apesar da táctica pouco inovadora, o estilo de jogo de Meisl preconizo uma autêntica revolução de pressing e circulação de bola, tornando-se no avô do que seria o Futebol Total. Foi dessa forma que durante 18 meses a Áustria foi uma selecção invencível.

No campo oposto Karl Rappan, foi o criador do ferrolho que a selecção Suíça utilizou nos mundiais de 1938/54/62, foi o primeiro a utilizar um esquema quase totalmente defensivo e nunca escondeu a filosofia que presídio á sua criação: assumia a superioridade do adversário, a estratégia tinha como objectivo encurtar a distância entre o que entendia ser uma equipa mais fraca relativamente às mais fortes. O ferrolho consistia na marcação individual dos extremos contrários, no enquadramento do avançado-centro do adversário numa dupla de defesas e o recuo de dois médios para junto do sector defensivo. A saída para o ataque era rápida, quase sempre em cotra-ataque.

Mas foi no dia 25 de Novembro de 1953 que o WM recebeu o golpe de misericórdia. Nesse dia a Hungria, sobre o comando de Gustav Sebes, em Wembley vence por 6-3 a Inglaterra. Adaptando um sistema inovador, o único capazde, ao mesmo tempo, pôr em causa e ultrapassar a ideia de Chapman, o criador do WM. Sebes, sabendo que os ingleses continuavam fiéis ao WM, foi a Wembley com a lição bem estudada e previamente testada com êxito.
Sabendo que os laterais ingleses iriam marcar os seu extremos (Budai e Czibor) e o stoper (Johnston) vigiaria o seu avançado-centro (Hidegkuti), Gustav Sebes fê-los recuar no terreno. Os defesas ingleses foram obrigados a sair da sua zona habitual e nunca se entenderam com a outra arma que lhes estava apontada: os dois interiores húngaros, Kocsis e Puskas, transformaram-se em verdadeiros avançados-centro, enquanto Hidegkuti, que em principio ocuparia essa posição, actuava nas suas costas. A disposição atacante da selecção húngara transformou o W em M quando a equipa tinha a bola e em U quando a perdia. (foi a primeira vez que o mundo viu uma dupla de avançados-centro)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sistema táctico WM a mãe das tácticas
















Herbert Chapman (1875/1934) é ainda hoje considerado o manager do Século XX, o primeiro Homem a ver associado o seu nome á história do futebol como treinador. Transformou o jogo a partir da concepção táctica que lhe permitiu chegar ao sistema táctico WM.

Foi o primeiro treinador profissional conhecido, era um visionário! Pretendeu números nas camisolas, a introdução de bolas brancas e holofotes nos estádios.

Importa fazer uma breve retrospectiva do futebol e das suas leis até 1925. As primeiras regras escritas datam de 1848 e, á semelhança do râguebi, proibiam o passe para a frente, o que obrigava todos a movimentos de ataque a ser executados através acções individuais. Até 1866 as equipas actuavam com oito avançados em linha, um defesa e um médio.

Em 1866 as regras foram alteradas! Podia passar-se a bola para a frente mas quem a recebia estaria em posição irregular se entre si e a linha de baliza não estivesse, pelo menos três adversários. As varias possibilidades de combinações de ataque obrigou a maiores preocupações defensivas. O simples e anárquico 1X1X8 evoluiu naturalmente para o mais contido 2X2X6.

Em 1888/89 nasce na liga Inglesa o sistema táctico 2X3X5. Preston North Ende vence o primeiro campeonato Inglês, sem derrotas, e, que surgiu com esta inovação que fez lei até á década de 20 do século XX. Recuou um dos avançados para o meio campo, concebendo assim o sistema táctico 2X3X5, a partir do qual Herbert Chapman chegou ao WM.

A 12 de Junho de 1925, sob proposta da federação escocesa, foi aprovada a lei do fora-de-jogo que vigorou até á pouco tempo – penalização ao avançado que no momento do passe não tem entre si e a baliza um mínimo de dois adversários em linha. Esta alteração coincidiu com a contratação de Herbert Chapman pelo Arsenal e dela resultou, para o futebol em geral, maior facelidade de golos – no campeonato inglês de 1924/25(o ultimo antes da nova lei) marcaram-se 1192 golos, em 1925/26 (o 1º da nova era) o numero aumentou para 1703 golos, isto é, marcaram-se mais 500 golos!

Com o WM nasce a figura do stopper- o defesa-central dos dias de hoje, que se transforma em marcador directo do ponta-de-lança(avançado-centro) contrario. Ao mesmo tempo dois dos cinco jogadores da frente (avançados) recuaram no terreno, ocupando funções que passam a ser denominadas por interiores (médios interiores) – fica desenhado aquilo que se convencionou chamar-se quadrado magico no meio campo. Equilíbrio, consistência e harmonia, eis algumas das vantagens da mãe de todas as tácticas! Foi criticada inicialmente por ser considerada muito defensiva, mas, adoptada pela esmagadora maioria das equipas europeias ao fim de dois/três anos, e que assim se manteve praticamente indiscutível até meados da década de 50 do século XX.
O Arsenal com o WM ganhou quatro campeonatos em cinco anos! (entre 1930 e 1935)

O WM chegou mais tarde em Portugal. Pelas mãos de Cândido de Oliveira (que frequentou um curso de treinadores em Inglaterra em 1935) e divulgada no nosso pais este novo sistema táctico, acompanhado por Ribeiro dos Reis e Ricardo Ornelas. Mas é Oscar Tarrio, argentino que foge de França antes do inicio da II Guerra Mundial, juntamente com Scopelli e Tellechea, quem consagra o novo sistema táctico em Portugal, ao serviço do Belenenses, em 1938/39 (é o pioneiro das marcações individuais e célebres ficaram os seus duelos com Peyroteo. (nessa época o Sporting dominava o futebol Português)

O WM, de resto, parece ter sido criado a pensar na equipa dos cinco violinos!
Recordemos aquela que foi a mais famosa de todas:
Azevedo; Álvaro Cardoso e Manuel Marques; Canário, Barrosa e Veríssimo; Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travaços e Albano.

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domingo, 31 de janeiro de 2010

A evolução táctica do futebol começou logo com a sua criação















Ao contrário do que muitos adeptos de futebol pensam, o futebol nem sempre foi tão evoluído tacticamente, tecnicamente e tão exigente fisicamente tal como é nos dias de hoje!

O futebol de hoje é o resultado de uma evolução de um futebol mais simples, menos táctico, menos técnico e muito menos físico!

O longo caminho até aos nossos dias tem origem no século XIX, um jogo com regras indefinidas, sem outra estratégia que não fosse chegar com êxito á baliza adversária, sem conhecer a relevância do passe. Um jogo criado á imagem do râguebi, que começou com um guarda-redes, um defesa, um médio e oito avançados. Tudo começou com a fundamental lei do fora-de-jogo em 1925, a partir da qual o futebol conheceu o primeiro reconhecido como hoje o conhecemos, Herbert Chapman, o criador do sistema táctico (o celebre WM) que marcou o futebol até meados da década de 50 do século XX.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Matateu


Faz hoje dez anos que morreu um dos melhores goleadores portugueses do futebol português.
Matateu, foi uma estrela do futebol português nas décadas de 50 e 60 do século XX!
Um ídolo ainda hoje de todos os belenenses!
Aqui ficam alguns dos comentários proferidos pela comunicação social da época:

"Um negro sempre sorridente, de Moçambique, é, esta noite, o rei do futebol português. Lá foi-lhe dado o nome de Lucas, mas há muito tempo que já ninguém se preocupa com isso. Passaram-lhe a chamar Matateu - um cognome que significa oitava maravilha do mundo - desde que começou a driblar como um mago e a chutar como um canhão”

“Matateu foi eleito pela imprensa como o melhor jogador da Taça Latina-55, precursora da Taça dos Campeões, à frente de Di Stéfano e Puskas, ambos do Real Madrid. Como titulava a revista "Miroir Sprint", "Di Stéfano perdeu o sorriso frente a Matateu".”

“num RDA-Portugal de qualificação para o Europeu, em Berlim, o nome de Matateu é entoado por militares alemães que o rodeiam no final do jogo, ao ponto de ele perguntar ao jornalista Aurélio Márcio: "Vistes os russos a chamar pelo meu nome?" Tudo em nome do futebol. E sempre com uma cervejinha ao intervalo, a sua imagem de marca.”

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http://www.ionline.pt/conteudo/43822-matateu-ele-e-que-foi-o-d-sebastiao